A vida aos poucos vai tomando o seu lugar de uso diário no pacote das coisas que elegemos importantes, depois deste sacolejo que levamos da pandemia do novo coronavírus. Vamos, aos poucos, ligando os motores, acelerando em velocidade constante! É como se o personagem Noé, do filme de Darren Aronofsky, ou se preferir a história na perspectiva da própria Bíblia, tivesse abrindo a porta da arca para o pássaro pegar voo em busca ‘simplesmente de um lugar de mato verde para plantar e colher’, parafraseando um trecho de Casinha branca, de José Augusto.
Desde a sua primeira edição, o Festival esteve em ambiente hostil. O ano era 2018, e quem não lembra aquela terça-feira estranha, quando O BRASIL PAROU com a greve dos caminheiros. A cidade deserta, o povo sem gasolina e outros produtos; mas estávamos lá, iniciando os trabalhos de nossa primeiríssima edição.
Na segunda versão, veio outra borrada. Mas essa, por enquanto, tratamos publicamente como um segredo de estado…
Em seguida, quando tudo parecia estar entrando na normalidade de uma terceira edição tranquila, o mundo foi surpreendido com o espírito assombroso de morte, uma triologia de fatos que se coadunam (dizem que o correto é escrever trilogia, mas não gostamos da forma que dizem ser correta). Porém, essas explicações contundentes do que ocorreram nas edições anteriores ficarão a cargo de, num futuro próximo, serem contadas no livro de comemoração dos 10 anos do evento. Por enquanto, queremos que você saiba das coisas de hoje, de amanhã, e de depois de amanhã, e assim sucessivamente, até o dia 30 de março, período em que se encerram as inscrições.
Incorporar a cidade em seu próprio ambiente de prosperidade é um desafio daqueles do tamanho das coisas quase impossíveis, pois antes de mostrar aos outros quem somos, é necessário, primeiro, convencermos os de nossa própria casa. E é aí que o ‘bicho pega’, pois, na maioria das vezes, não é possível o ‘santo de casa fazer milagre’ e “torcer o nariz” para aqueles que parecem comuns, previsíveis pela sua aparência. E o estado de coisas que os rodeiam é um padrão de qualquer sociedade moderna, morna, quente e fria, rica ou pobre, não tem jeito, esses serão sempre os primeiros sintomas que nos farão sagrar.
Bom, depois dos devidos cuidados aos ferimentos, é hora de convivermos com mais algumas dores, pois não acabou por aí, vamos apanhar dos filhos da casa dos outros também, ou seja, santo de fora também não costuma fazer milagres; a diferença é que ser desdenhado por estranhos é quase uma regra; e, neste caso, nos chateamos bem menos, mas não se iludam, pois dói também.
Mas é bem verdade que passando pelo calvário de parir uma ideia neste mundo de meus medos, eis que sempre haverá mãos aconchegantes em amparo aos sonhos prestes a cair. E esses são personagens tão reais, que não há histórias sem seus anjos provedores nos instantes cruciais entre o tênue e as abundâncias, e assim vamos sendo acolhidos. E aqui queremos registrar em nomes e imagens todos aqueles que foram importantes na construção deste projeto, muitas vezes ‘entre tapas e beijos’, parafraseando mais uma canção do repertório musical brasileiro.
E assim como uma nascente não corresponde ao imenso tamanho de um rio, o Festival também se propõe a obedecer ao clico natural das coisas. Tal como a semente que, uma vez sucumbida, começa germinar e a ganhar proporções geométrica para o seu uso na natureza, somos um embrião inseridos no contexto cultural da cidade de Carpina e região da Zona da Mata Norte de Pernambuco, objetivando incentivar o desenvolvimento da cultura cinematográfica no município desse município e dessa região. Visando ainda a promover, divulgar e valorizar produções audiovisuais — da cidade, do estado e do Brasil – apresentando-nos como um organismo de articulação na expansão do cinema brasileiro.
E para os trabalhos desta quarta edição, estamos tomados pelas mesmas razões do primeiro instante: quando fomos pegos pela razão de que o núcleo espontâneo de produção de cinema e audiovisual que se formou na cidade, a partir de produções locais de moradores, necessitava de um espaço de exibição que envolvesse a cidade e se agregasse a produção independente, espalhada por todo Brasil.
E nesse sentido, nos sentimos em casa; livres das cerimônias, das etiquetas e formalidades que criam lugares sisudos e até desagregadores. Com isso as inscrições da 4a. edição têm como proposta conceitual a simplificação do texto de seu edital, pois acreditamos que no ambiente artístico e cultural não faz necessário imitarmos os departamentos pesados de regras do mundo, incorrendo no risco de sermos ineficientes, chatos e prolixos.
O edital traz informações diretas, práticas e fáceis para que os realizadores e cineastas não tenham que perder muito tempo tentando compreender o regulamento, ou até mesmo tenham que perder horas juntando várias informações e documentos. Nessa fase, entendemos que o processo deve ser eficaz.
Porém, para não parecermos alheios ao ambiente organizado, informamos que, após os trabalhos da curadoria, solicitaremos aos proponentes das obras cinematográficas que comporão a programação de nossa 4a. edição, as documentações e comprovações de direitos autorais.
Para os realizadores que ainda não estiverem com os devidos documentos referentes aos direitos das obras, poderemos compensar com a elaboração de declarações assinadas pelos representantes das obras inscritas, buscando sempre uma relação de compreensão nas soluções criativas e seguras para as partes envolvidas. Em nosso processo de simplificação das inscrições, não solicitamos, no ato das inscrições, materiais de divulgação como: fotos de Stil, cartaz da obra, trailer, e outros que possam servir como promocional na promoção da obra. Isso ficará na responsabilidade de nosso setor de marketing, tudo com prazos batentes razoáveis, para que não se precise descolocar-se às pressas de nenhuma atividade no cumprimento das solicitações.
Todo o processo das inscrições acontece dentro do cinecarpe.com.br, site do Festival. Ao entrar na aba “inscrições”, você encontrará o texto do edital e as fichas de inscrições. Mas é importante falarmos que nossa inscrição não é online; será preciso baixar as fichas, cada ficha tem em seu cabeçalho a nomenclatura de cada categoria em seguida preencha a ficha e converta-a em PDF. Não fotografe a ficha de inscrição preenchida pois desta forma os trabalhos da curadoria ficarão bem mais difíceis, e como você já percebeu, nós adoramos uma praticidade.
Assim como aconteceu nas inscrições da 3a., agora em nossa 4a. edição, novamente, estamos solicitando uma pequena taxa no ato da inscrição, e gostaríamos da compreensão de todos. Pedimos que não encarem como forma de pagamento para se inscrever, pois nosso desejo seria que pudéssemos, já agora, na pré-produção, termos grandes parceiros e patrocinadores. Infelizmente, essa não é a realidade, e os custos nessa fase inicial já são bastantes significantes com Design Gráfico, divulgação em redes sociais, assessoria de imprensa e outros serviços fundamentais.
As informações com os valores das taxas estão no edital das inscrições.
Os cineastas e realizadores poderão inscrever suas obras, tanto curta-metragem (de 25 até 30 minutos de duração, com margem de tolerância, caso os filmes excedam um pouco mais dos 30 minutos); como longa-metragem (de 60 até 150 minutos, também com margem de tolerância, caso o filme tenha menos de 60 minutos ou um pouco mais de 150 minutos), podendo ser filmes de ficção ou documentário.
Imagem/ curta-metragem: Depois
Uma novidade que implementamos ano passado, para ampliarmos o ambiente de entretenimento do evento, foi a inclusão de mais duas categorias: Videoclipes e Pôsteres. Agora, cantores e cantoras ou bandas, de qualquer gênero musical podem inscrever seus videoclipes nas mostras competitivas do Festival. Também diretores e diretoras, artísticas, visuais, de Design Gráfico podem inscrever o pôster de filmes de curta e longas-metragens.
O troféu que premiará as diversas categorias vencedoras do Festival, será uma estatueta intitulada “O carpinteiro”, trazendo em si, essa expressividade oriunda das marcas culturais de Carpina, que manifesta desde muito tempo, até os dias atuais, a engenhosidade criativa em seus bonecos de mamulengo, usando como matéria-prima, a madeira.
Porém, muito antes desta década que marcaria essa trajetória das peças feitas de madeira para o teatro de bonecos, em um passado não tão distante, quando a cidade ainda era conhecida como uma vila, a arte da marcenaria viria a ser referência histórica desta cidade, pois é dito que em 1922, um carpinteiro de nome Martinho Francisco de Lima, a quem os almocreves (condutores de bestas de cargas) o chamavam de Carpina, o qual viria a se tornar um de seus principais personagens e, consequentemente, seu apelido de profissão tornou-se o nome da cidade. Consta uma representação de sua imagem em forma de estátua, esculpida em pedra pelo artista Faustino, da cidade de Brejo da Madre de Deus, que por muitos anos esteve em uma das praças, e hoje compõe o cenário da chegada da cidade.
Imagem/ Longa-metragem: Onde Nascem os Bravos